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Não foi um primor, mas foi tatica

Publicada em: 30/07/2014

Depois de vários jogos em que o Deportivo Mustela apresentava atuações sombrias, por vezes beirando o desastre tal a fraca qualidade do jogo, eis que honrando a tradição de agigantar-se nos momentos mais difíceis o Furão novamente pareceu Golias em Gramado(RS). A semana foi de muita preocupação pelo recente retrospecto do time empilhando derrotas, goleadas e por vezes até atuações de preocupar até o mais tranquilo dos monges tibetanos. Aliado a isso uma sequencia de desfalques que foram avolumando-se na semana - nada mais, nada menos que oito atletas estavam fora de combate, por lesões ou compromissos particulares. Ainda no grupo que lá estava, tínhamos jogadores como o Lê que jogaram os noventa minutos no sacrifício, gripados, lesionados, extenuados mas tudo em nome da vitória.

Mas o Mustela não se entrega nem que lhe caiam as calças e jogo marcado só não é jogado se o adversário desistir ou o tempo não deixar. Chamada realizada e com o acréscimo do velho amigo e torcedor Dieck lá se foi o Furão Tricolor com doze atletas para a mais européias das cidades gaúchas, quiçá brasileiras - era o limite do limite para enfrentar o excelente time do C. D. Retranca que num primeiro momento se apresentou com algumas ausências do tradicional quadro mas com reforços jovens e até com DNA futebolístico comprovado. Não é qualquer time da várzea que tem o pai do atleta gremista Ramiro e o irmão do atleta ex-Gremio hoje em Portugal, Cláudio Pitbull em suas fileiras.

Mas o Deportivo Mustela teve sempre uma luz que o conduz e ilumina, e dessa vez acredito que teve um pouco da torcida da família Mejolaro ajudando também do lado de fora das quatro linhas.

Mas jogar contra esse time somente com doze atletas é uma tarefa inglória e era preciso mais que jogar bem, era preciso ter um comportamento muito acima da média, uma disciplina tática que a muito o Furão não demonstrava em campo. E foi assim, as palavras do capitão foram: - Aqui estão aqueles que são verdadeiramente guerreiros e hoje tenho a certeza que pela primeira vez sairemos daqui vencedores!

Os olhares não eram de toda a confiança mas parece que o grupo comprou a ideia e passou a acreditar que era possível, afinal o Rafa tinha conversado muito com todos, demonstrou com o próprio material dos atletas o que cada um deveria fazer dentro de campo e que além daquilo tudo cada um teria que dar um pouquinho mais ainda de si para que o grupo saísse com a vitória. Era consenso de que a vitória sábado era muito importante para o futuro do Deportivo Mustela na temporada.

O jogo começou e o novo posicionamento com três zagueiros, um líbero ora na frente da dupla de zagueiros Lahm e Arthur, ora como sobra Rafa deu consistência ao sistema defensivo que foi complementado por Isma na ala direita fazendo bem as triangulações pela ala do campo com o Ronaldo e pela esquerda não tão participativo nas tabelas mas decisivo marcando o gol Maycon, que atento às orientações compôs a ala e fechou pelo meio de campo ajudando na marcação terminando o jogo com cãimbras.

No meio, Jaderson complementou a proteção da defesa e conseguiu auxiliar a transição da bola na saída de jogo com Roby e Vini. Mais adiantado Ronaldo vinha até a intermediária buscar a bola e se juntar ao único atacante fixo em campo - o Lê.

O único senão deste sábado foi o grande número de gols perdidos, foram inúmeros contragolpes que o time desperdiçou na cara do goleiro adversário em ambos os tempos de jogo.

No restante o time foi muito seguro, desde o goleiro Vagner que pela primeira vez atuou os noventa minutos e com um sistema defensivo bem postado pode se sentir mais seguro e fez boas defesas garantindo a sua participação na garantia da vitória.

O volume de jogo do time da casa foi grande sobretudo na parte final do jogo quando o Deportivo Mustela além de já estar desgastado pelo desgaste ainda teve a perda do seu meio campo Roby lesionado e substituido pelo Dieck - o problema não foi a substituição em si, Dieck entrou bem com fôlego novo, mas o problema é que o restante do time sentiu o desgaste e não havia mais opções de trocas. Foram mais de vinte minutos intermináveis e muitas cãimbras e todo o tempo para recuperar o fôlego era precioso.

Mas no final a vitória veio, poderia ter vindo de forma mais tranquila pois já no primeiro tempo poderíamos ter matado o jogo tantas foram as oportunidades perdidas em contragolpes. Mas o importante é que a vitória veio para premiar os doze guerreiros de Gramado.

A surpresa do jogo foi a presença do ex-atacante do Grêmio de Porto Alegre com raízes em Bento Gonçalves, o Cláudio Pitbull, que no intervalo posou para fotos com a equipe tricolor da capital do vinho.

Para o próximo sábado o calendário reserva mais uma grande batalha para o Furão no altiplano da Porteira do Rio Grande contra o tradicional e não menos qualificado time do E.C. Brasil de Vacaria. Assim como contra o Retranca, contra o Brasil de Vacaria o retrospecto é amplamente desfavorável ao Deportivo Mustela, mas já houve na história do confronto uma vitória tão épica quanto esta de Gramado. Em 2012, também com um grupo de atletas reduzidos o Furão foi até a gélida cidade dos campos de cima da serra e arrancou uma vitória a ferro e fogo por 1 a 0, com um gol marcado pelo camisa 16 Tchello e depois uma retranca monumental no estádio municipal Francisco Guerra que assim como o Ernestão de Gramado na meia hora final de jogo parecia não ter mais fim.

Mas em resumo, precisamos que os guerreiros se multipliquem, que todos aqueles que verguem o manto tricolor o façam com a mesma gana de vitória dos doze que estiveram em Vacaria, em Quaraí em 2012, em Rio Grande em 2013 e agora em Gramado em 2014. Esse é o verdadeiro Mustela.