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Adeus, Escuro!!! Obrigado por tudo.

Publicada em: 27/09/2011

Faleceu Luiz Carlos Machado, conhecido como Escurinho. O ídolo colorado dos anos 70 estava internado no Hospital de Clínicas em Porto Alegre e faleceu, aos 61 anos, na noite desta terça-feira (27/09), devido à parada cardíaca. Multicampeão com a camisa do Inter, Escurinho costumava entrar e decidir as partidas no lendário time dos anos 70. O Ex-jogador lutava contra a diabetes e insuficiência renal.

O Escurinho foi quase um talismã do grande time colorado dos anos 70, normalmente na reserva era chamado nos momentos finais dos jogos e como era um predestinado, resolvia os jogos através da sua especialidade a bola aérea.

Assim foi no primeiro jogo da decisão do Campeonato Gaúcho de 75, quando o Inter perdia para o Grêmio no estádio Olimpico por 1 a 0 e parecia dar o primeiro passo para interromper a seqüência de seis títulos colorada. A torcida tricolor já cantava eufórica quando Rubens Minelli mandou Escurinho para o campo. Conhecido pelo sua capacidade de resolver jogos encardidos, Escuro descreveu no DVD Supremacia Vermelha em Gre-nais, o silêncio que tomou conta das arquibancadas azuis quando ele se encaminhou para assinar a súmula e entrar no jogo.

A torcida do Grêmio parecia adivinhar que poucos minutos depois Jair cruzaria de três dedos para a área tricolor e lá estaria o Escuro para deferir um chute de cabeça e empatar o jogo e encaminhar o Hepta-campeonato do Internacional que seria conquistado no segundo jogo no Beira-rio.

O Escurinho não teve a sua vida ligada ao Inter somente por suas iluminadas atuações, mas sempre foi um torcedor colorado fanático desde a sua infância, e viveu os tempos da construção do Beira-rio como outros ídolos como por exemplo, Falcão. Aos 11 anos de idade, começou a sua trajetória nas categorias de base do clube, chegando aos profissionais em 1970 referendado por um Campeonato Gaúcho de Juvenis onde marcou 59 gols.

Escurinho entrou para a história como um dos maiores cabeceadores do futebol brasileiro e atravessou os anos 70 conquistando títulos com o Inter de Falcão, Carpegiani, Figueroa, Manga, Batista, Jair, Dino Sani e Rubens Minelli. Fez parte de uma das primeiras gerações do Estádio Beira-Rio e jogou em um histórico período de 1970 a 1977.
Nesses anos, Escurinho sagrou-se octacampeão gaúcho, um título inédito até hoje, e bicampeão brasileiro. Tudo isso com um detalhe: em 1974, pelas mãos de Rubens Minelli, foi goleador do campeonato gaúcho e conquistou o título invicto. É autor de 107 gols em 325 jogos pelo Inter, mais da metade deles feitos de cabeça, sua especialidade.

O início foi de instabilidade até porque o forte time do Inter naquela época lhe impusera uma concorrência muito grande, mas o goleador se firmou na campanha do Hexa em 1974. No ano seguinte, um problema na sua renovação de contrato fez com que perdesse espaço no time, culminando com a reserva de Dario em 1975 e Flávio Minuano em 1976. Mas era a grande alternativa de Rubens Minelli no banco para mudar a história dos jogos complicados. 

E aqui uma lembrança especial, a famosa tabelinha de Falcão e Escurinho na semi-final do Campeonato Brasileiro de 1976 contra o Atlético Mineiro no Beira-rio. Um lance que não sai da memória dos colorados e está entre os grandes momentos da história do clube. 

O Escurinho tornou-se um ídolo da torcida colorada e mesmo tendo passado por outros times, seu coração continuou colorado, como demonstrou recentemente participando de eventos do clube e até numa declaração emocionada ao ex-presidente Fernando Carvalho na qual afirmava que sabia tê-lo feito vibrar com seus gols no passado, mas que o dirigente havia feito com que ele, um homem de 58 anos na época, chorar de emoção com os títulos recentemente conquistados pelo Internacional.

Em sua carreira, o Escurinho passou:

  • Internacional(RS) (1970 a 1977);
  • Palmeiras(SP) (1978);
  • Internacional (SP) (1979);
  • Coritiba (PR) (1980);
  • Barcelona (EQU) (1981);
  • Vitória (BA) (1982);
  • Bagantino (SP) (1983);
  • Caxias (RS) (1984);
  • La Serena (CHI) (1985);
  • Avenida (RS) (1986).

Conquistou os Campeonatos:

  • 7 Gaúchos pelo Internacional (70, 71, 72, 73, 74, 75, 76);
  • 2 Brasileiros pelo Internacional (75, 76);
  • 1 Equatoriano pelo Barcelona de Guayaquil (1981).

Embora neste pais, lembra-se somente de quem foi campeão, mas o Escuro ainda participou da campanha do grande time do Palmeiras (SP), vice-campeão de 1978, perdendo a final para o surpreendente Guarani de Campinas(SP). 

Luis Carlos Machado, o Escurinho, fez história na música e no carnaval, na metade dos anos 70 chegou a gravar um vinil, compôs letras de sambas juntamente com músicos da Música Popular Brasileira, como Wilson Ney e Bedeu. E na foto ao lado aparece junto à Francisco Paulo SantAnna, um dos mais fervorosos torcedores gremistas brincando no carnaval portoalegrense dos anos 70.

Como destaca Jones Lopes da Silva no clicRBS, "a figura simpática de Escurinho não o fazia um jogador submisso e desinformado. Com personalidade inquieta, Escurinho viveu os anos 70 como uma espécie de jogador que reivindicava seus direitos e acalentava outros projetos de vida. Não se considerava apenas um homem de futebol. Desde adolescente aprendera a tocar violão e a compor sambas com os quais chegou a gravar um antigo compacto duplo. Com a imagem ligada ao samba chegou a ser carimbado no meio do futebol como boêmio. Mas Escurinho era apenas ele próprio: uma pessoa ligada aos três filhos e à família e que gostava de conviver".

Nos dias atuais, Escurinho lutava contra as complicações do diabetes e insuficiência renal, inclusive em 2009 precisou amputar parte da sua perna direita. Para ajudar no tratamento, segundo informações do site do S.C. Internacional, foram feitas algumas ações como a doação da bilheteria do filme "Nada vai nos separar", que narra os 100 anos de existência do Colorado, uma camisa retrô em sua homenagem também teria parte dos recursos arrecadados com a sua venda revertidos para o Escurinho, tudo para que ele tivesse um auxílio no custeio do seu tratamento.

Nada mais justo por todas as alegrias que o Escuro deu à nação colorada.

Recentemente, já com a sua saúde bastante debilitada, recebeu também a homenagem do Coritiba através de uma camisa do clube paranaense autografada pelos seus atletas e entregue ao seu filho Cassio Machado antes do jogo Inter e Coritiba no Beira-rio.

Resumo da cronologia de Luis Carlos Machado, o Escurinho:

  • 8 de janeiro de 1950 - nasce em Porto Alegre, aos sete anos vai morar próximo à Ilhota e recebe o apelido.
  • 1962 - descoberto pelo técnico Jofre Funchal e entra nos mirins do Inter aos 12 anos
  • 1959 - aos nove anos, participa da criação da escola Imperadores do Samba
  • 1966 - já nos infantis do Inter, Escurinho se apresenta como calouro no programa de auditório do Vovô Guerra, aos 16 anos: canta uma canção de sua autoria
  • 1968 - Aos 18 anos, Escurinho chega ao juvenil (hoje juniores) do Inter sob o comando do técnico Abílio dos Reis. Com ele estão Paulo César Carpegiani e Cláudio Duarte, dois nomes básicos do time dos anos 70.
  • 1969 - Aos 19 anos, Escurinho é goleador do juvenil campeão invicto do Inter, considerado um dos maiores times de categorias de base de todos os tempos do futebol gaúcho.
  • 1970 - passa aos profissionais do Inter com Paulo César Carpegiani e Cláudio Duarte: é bicampeão gaúcho
  • 1971 - é emprestado ao Gaúcho, de Passo Fundo, e ao Farroupilha, de Pelotas. Antes disso, casa-se com Sônia
  • 1972 - volta ao Inter e briga por vaga no time que chega até as semifinais do Campeonato Brasileiro com Dino Sani
  • 1972 - marca um gol histórico em jogo contra Cruzeiro de Dirceu Lopes e Piazza e dois torcedores morrem do coração no Beira-Rio
  • 1973 - começa a se tornar titular do time de Dino Sani
  • 1974 - é goleador do Gauchão e conquista o hexacampeonato invicto, no primeiro ano de Rubens Minelli. Ganha fama ao entrar no time durante o segundo tempo e decidir o jogo em lance de cabeça
  • 1974 - grava um compacto duplo com suas composições: é o primeiro jogador em atividade a gravar um disco no futebol brasileiro
  • 1975 - é titular do time de Minelli até setembro e conquista em dezembro o primeiro título nacional. Consagra-se como um dos maiores cabeceadores do futebol brasileiro. Em maio, marca dois gols em Gre-Nal no Beira-Rio
  • 1976 - participa do gol memorável contra o Atlético Mineiro no Beira-Rio: Escurinho troca uma tabelinha de cabeça com Falcão antes do gol que leva o Inter às finais do bicampeonato brasileiro. Conquista o octacampeonato gaúcho
  • 1977 - traz a Porto Alegre o então Jorge Ben para show no Gigantinho e tenta se lançar como um produtor musical
  • 1978 - se transfere para o Palmeiras: é vice-campeão brasileiro
  • Depois do Palmeiras, esteve na Inter de Limeira, Coritiba, Barcelona de Guayaquil, Vitória da Bahia, Francana de São Paulo, Bragantino, Caxias, São Bento e La Serena, do Chile. 
  • Após o futebol, Escurinho treinou escolas de base do Inter e passou por diversas escolinhas de menores de Porto Alegre e da cidade de Guaíba.

Nós do Deportivo Mustela, como apaixonados pelo futebol lamentamos a perda deste ícone do futebol dos anos 70. Descanse em paz Escuro!